30 de junho de 2009



Epiléptico

Há pouco tempo conheci uma obra que me chamou atenção pela sua linguagem – texto e ilustração – e pela história. O nome dela é Epiléptico e se trata de um livro de tirinhas preto e branco sobre a infância de David B., pseudônimo de Pierre-François Beauchard, e da convivência com a doença de seu irmão mais velho, Jean-Christophe. A história é contada em dois volumes e no primeiro a epilepsia começa a fazer parte da vida de Pierre aos 5 anos de idade, quando seu irmão tem a primeira crise.

A linguagem e os desenhos são típicos de uma mente infantil: abrindo janelas a cada assunto novo incluído na conversa, acompanhado de histórias secundárias que se seguem por páginas e mais páginas, e a realidade traduzida por meio de desenhos. Inicialmente, as crises epilépticas são representadas em forma de um dragão chinês com um corpo infinito, sempre sufocando o irmão. Depois, esse dragão se transforma no próprio Jean.

Num estalo, David B. fecha todas as janelas e volta à história principal, na qual o foco é seu irmão, sua doença, a forma como era tratado pelos vizinhos e amigos de escola – estamos falando da década de 60, na França –, a forma como a família procurou a cura em tratamentos alternativos e a demonstração de afeto e carinho entre David B. e Jean.

Repleto de metáforas visuais e delírios de infância, Epiléptico é encantador e, algumas vezes, chega a ser tratado como um grande momento do quadrinho ocidental neste século. Agora, preciso ler o segundo.

Nenhum comentário: